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Promover a igualdade de gêneros é responsabilidade de todos

Mulheres Empoderadas, Por Simone Santos, Coach de Empreendedorismo Feminino e Educadora

Em 31/03/2023 às 17:40:21

Você conhece alguma mulher que você admira muito e acredita que ela não reconhece o próprio valor?

Eu conheço várias. Como Mentora de Mulheres de Sucesso, ao longo dos anos percebi que a raiz da maioria dos problemas das minhas clientes estava relacionada a sua baixa autoestima.

Já atendi mulheres belíssimas, formadas e bem-sucedidas que se submetiam a relações amorosas infelizes, com pessoas que as maltratava, agia como se elas fossem prostitutas. Mulheres que não sabiam dizer não, que faziam tudo para todo mundo e se sentiam culpadas quando tiravam um pequeno momento para cuidar de si.

Mulheres que tinham empregos de muito trabalho e grande prestígio e um salário vergonhoso para a função que desempenhavam, bem abaixo do salário pago a um homem que exercesse a mesma função.

Assim, antes de iniciar cada mentoria o primeiro aspecto a ser trabalhado acabava sendo sempre a valorização da autoestima.

Existem algumas questões que me incomodam: porque, independente de classe social, aparência ou formação, a maioria das mulheres não consegue reconhecer o próprio valor? Por que muitas mulheres se sentem culpadas quando não têm tempo para cuidar da casa? Por que as mães sentem tanta culpa por trabalhar e não ter tempo exclusivo para cuidar dos filhos?

Se pararmos para analisar a raiz dessa desvalorização está na educação sexista, que em casa ou na escola costuma educar a menina como frágil, como menos capaz que os meninos, como pessoa que precisa viver mais discretamente porque meninas sérias são obedientes, não aventureiras e para que a mulher floresça e tenha sucesso na vida adulta ela precisa de ajuda profissional para resgatar todo poder que lhe foi negado durante a infância e adolescência.

Sexismo pode ser definido como “atitude, discurso ou comportamento, que se baseia no preconceito e na discriminação sexual; Conjunto de estereótipos quanto à aparência, atos, habilidades, emoções e papéis na sociedade, de acordo com o sexo; Preconceitos e discriminação que se baseiam no sexo”.

O ser humano tende a reproduzir comportamentos de acordo com sua criação e vivência ao longo da vida, por isso percebemos mães criando seus filhos e filhas de forma profundamente machista apesar de reclamar da não participação de seus companheiros na criação dos filhos e/ou nos serviços domésticos.

E o que a Educação tem a ver com isso? Como a Educação pode combater o sexismo e contribuir para uma sociedade que respeite as mulheres e que dê a homens e mulheres as mesmas oportunidades de estudo e emprego?

Em 1979, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de discriminação Contra as Mulheres da ONU determinou dentre outras coisas que caberia aos estados participantes:

“A eliminação de todo conceito estereotipado dos papéis masculino e feminino em todos os níveis e em todas as formas de ensino, mediante o estímulo à educação mista e a outros tipos de educação que contribuam para alcançar este objetivo e, em particular, mediante a modificação dos livros e programas escolares e adaptação dos métodos de ensino” (ONU – 1979).

Apesar de passados mais de quarenta anos da Convenção da ONU ainda hoje temos que combater a discriminação contra as mulheres e repensar as práticas escolares que reforçam as diferenças entre homens e mulheres, meninis e meninas.

“Joãozinho, sai da fila das meninas!” “Maria, pega um pano para limpar o suco que derramou”. “Tem algum menino forte aqui pra ajudar a tia a levar a bolsa”? “Isso não é brincadeira de menina”. Essas são frases muito comuns no cotidiano escolar. Exemplos de falas que sinalizam uma prática sexista no território escolar. Falas que legitimam as mulheres como frágeis e cuidadoras e os homens como fortes, corajosos.

Atualmente vivemos uma dicotomia universal: de um lado mulheres reclamam de seus companheiros, de suas práticas “isentonas” no território particular de suas casas, por outro lado, essas mesmas mulheres educam seus filhos e alunos para separarem o papel do homem e da mulher na sociedade. Temos ainda um crescente número de casos de violência contra mulher por parte de homens que se acham donos de suas companheiras e não aceitam o rompimento de suas relações, ou pior ainda, não aceitam que a mulher não queira relacionar-se com eles.

Afinal o que é coisa de homem e coisa de mulher? O que assim denominamos não seria na verdade papel de todos os seres humanos? Cuidar da casa, dos filhos, dos animais de estimação, cuidar da casa, cozinhar, lavar a louça são funções de todas as pessoas que residem no mesmo lar, independente de gênero.

Ainda hoje, isso é uma batalha dentro de muitos lares onde as mulheres são provedoras financeiramente e ainda se veem tendo que “pedir ajuda” aos demais moradores da casa, quando na verdade não é ajuda à mulher, é obrigação de todos que vivem naquele lar.

Meninas vestem rosa e meninos vestem azul? Eu acho lindo homem de rosa e minha cor preferida é azul. Nossa feminilidade ou masculinidade pode ser definida pela cor que vestimos? Pode uma convenção social preconceituosa definir que cor podemos ou devemos colocar em nossos filhos?

Ainda hoje vemos estupradores sendo absolvidos porque a vítima "não resistiu" ao coito, ainda que ameaçada. Mulheres sendo julgadas pelas roupas que usam. "Foram estupradas porque estavam de shortinho, de saia curta", ou sei lá que motivos inventam para inocentar homens que se acham no direito de se apropriar do corpo feminino para obter prazer sexual não consentido.

Como podemos mudar essa triste realidade do nosso país? Um bom começo é oferecer uma Educação não sexista, que não nos separe por gênero, mas que exalte a nossa condição humana de respeitar e ajudar o próximo independente de gênero, raça ou religião.

Desconstruir essa ideia de coisa de menino e coisa de menina. Sensibilizando os meninos e fortalecendo as meninas. Promovendo uma educação mista que ajude todos a crescerem com a certeza de serem capazes de realizar seus sonhos, de respeitar a diferença e de se comprometer com a construção de um mundo melhor. Que seja essa a nossa meta.

Embora pareça, este não é um texto apenas para profissionais da educação. É um texto para homens e mulheres, pais e mães, enfim, é para todas as pessoas que desejam um mundo mais humano, justo e igualitário onde todos possam ser respeitados, felizes e ter as mesmas oportunidades independente de gênero ou opção sexual. Que seja essa a nossa meta!

1 - Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres Adotada pela Resolução n.º 34/180 da Assembléia das Nações Unidas, em 18 de dezembro de 1979.

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